terça-feira, 21 de junho de 2011

iPad Monitor

O bom orador é aquele que escreve e estuda seu discurso, mas na hora de proferi-lo, o faz sem ler, direcionando sua fala, seus gestos e seus olhares diretamente para a platéia. Da mesma forma, musicistas deveriam dispensar o uso de cifras e partituras durante a apresentação, focando o máximo de atenção na sua expressão musical e na interação com o público, uma vez que as canções já são conhecidas e foram previamente ensaiadas.

No entanto, existem casos em que essa prática se torna praticamente inviável em virtude de situações inesperadas ou execuções muito complexas. A 9a Sinfonia de Beethoven, com 74 minutos de duração, é um bom exemplo onde o uso de partituras se torna indispensável para músicos eruditos em grandes concertos!  No outro extremo, existe aquela situação do músico de barzinho que ao longo da noite recebe os mais variados pedidos de músicas escritos em guardanapos de papel (sujos de gordura)! Naturalmente, nem todos os pedidos fazem parte do repertório habitual do músico, logo, um bom acervo de letras e cifras pode ajudar nessa hora. 



Ocasiões como essas são boas oportunidades para a utilização da pasta digital de cifras, letras e partituras, tal como apresentado no artigo iPad Cifras. No entanto, dificilmente vai existir uma banda, muito menos uma orquestra, em que todos os integrantes possuem um tablet para esta finalidade, surgindo então a necessidade de compartilhá-lo com os demais músicos. Felizmente, não será necessário ficar "coladinho" com os outros disputando espaço para visualizar a tela, já que é possível distribuir a imagem através da conexão a monitores de vídeo externos que mostram o mesmo conteúdo da tela do iPad.

Para tanto, são necessários os seguintes itens:

  • iPad
  • Monitor de Vídeo
  • Adaptador e Cabo VGA
  • Software compatível

 


Monitor

Cifras e partituras seguem o padrão de orientação vertical, logo, o mais natural é utilizar o iPad nessa posição, tal como uma folha de papel em pé. Ocorre que, nesse sentido, a visualização em monitores widescreen fica prejudicada, uma vez que a imagem acaba sendo distorcida em função da diferença de orientação entre o iPad (vertical) e o monitor (horizontal). Por essa razão, os monitores com aspecto 4:3 são os mais adequados, pois se assemelham melhor ao formato de tela do iPad.

Quanto ao posicionamento do monitor, acredito que a melhor opção é mantê-lo apoiado na estante de partituras, preso por um elástico, velcro ou fita adesiva. Neste caso, vale a pena remover a base de apoio, retirando alguns parafusos na parte traseira ou inferior, dependendo do modelo.

Monitor apoiado na estante de partituras.

Adaptador e Cabos

Para externalizar o sinal de vídeo do iPad é necessário conectar o adaptador VGA, vendido pela Apple como um acessório a parte. Com ele é possível interligar o tablet e o monitor através de um cabo de vídeo VGA comum. Para utilização no palco, recomenda-se que o cabo seja longo o bastante para não ficar esticado e dar aquela impressão de varal, e também para evitar tropeços e acidentes! Na falta de um cabo maior, pode-se interligar vários cabos menores com o uso de extensores ou emendas VGA, facilmente encontrados em lojas de eletrônica e informática.

Caso se necessite distribuir a imagem do iPad para mais de um monitor, basta conectar a saída do adaptador VGA a um distribuidor de vídeo VGA, com quantidade de saídas igual ou superior ao número de monitores utilizados. Assim, a imagem do iPad será "espelhada" em todos os monitores, sem atraso e sem perda de qualidade!

Distribuidor de vídeo VGA de 4 saídas.


Software

Além da capacidade de abrir arquivos .doc e .pdf, o aplicativo deve apresentar a funcionalidade "Video Out" ou  "Mirror", o que significa que ele irá redirecionar a imagem do iPad para a saída de vídeo através do adaptador VGA. Essa informação pode ser encontrada na página de informações e download do aplicativo na App Store. Particularmente, utilizo o iAnnotate para esta finalidade, mas existem diversos outros, basta pesquisar...


Na prática

Venho utilizando esse sistema em uma missa especial, com cerca de duas horas de duração, onde a composição da banda varia semanalmente e não há ensaios ou passagem de som (Toras Band!). As canções que fazem parte do rito formal da missa são escolhidas antecipadamente e organizadas em um arquivo de texto com cifras, porém, durante a celebração, surge a necessidade de tocar músicas que não estavam previstas, muitas vezes a pedido do padre ou por iniciativa da própria banda, dependendo do tema de oração ou reflexão que está sendo conduzido. Nessas condições, a utilização do iPad como pasta digital de músicas cifradas, aliada a replicação da imagem em monitores externos, tem se mostrado uma solução bastante simples e efetiva, uma vez que proporciona rapidez na busca por canções relacionadas ao assunto abordado e, principalmente, uniformidade harmônica na execução musical, já que todos seguem a mesma cifra e ninguém precisa ficar "pescando" as notas de ouvido!

iPad Monitor em ação!


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terça-feira, 7 de junho de 2011

iPad Cifras

Tradicionalmente, músicos profissionais e amadores costumam manter um acervo impresso de cifras, letras e partituras que compõe seu repertório de canções. Esse arquivo pessoal costuma ser "organizado" em pastas, livros, cadernos e folhas avulsas que acompanham o músico em sua rotina de estudos, ensaios e apresentações. Com o passar do tempo, essa papelada começa a se tornar grande demais, gerando peso em excesso e tornando a organização cada vez mais complicada! Apesar de alguns músicos possuírem a habilidade extraordinária de memorização de cifras e letras, muitas pessoas necessitam do auxílio de seus arquivos em papel durante a execução musical.

Sabe aquela música? Toca pra mim!!

Quando se deu o lançamento do iPad, logo vislumbrei a possibilidade de utilizá-lo como livro digital de cifras e partituras, em substituição às pilhas de papéis que já me causavam dificuldades de transporte e organização. Agora, após quase um ano de utilização, compartilho a experiência de uso do iPad como pasta de músicas cifradas!

Basicamente, são necessários os seguintes itens:
  • iPad
  • Software visualizador de documentos
  • Biblioteca de arquivos

iPad

Das várias versões disponíveis, o iPad primeira geração 16GB Wi-Fi já é suficiente, uma vez que a leitura de arquivos de texto não requer grande capacidade de processamento e armazenamento. As versões 3G adicionam a possibilidade de consulta on line aos sites de cifras na internet, ampliando ainda mais o tamanho do repertório no dispositivo!


Software

Existem dezenas de opções na loja de aplicativos App Store, basta escolher um que seja capaz de reconhecer arquivos .doc ou .pdf. O próprio iBooks da Apple é um bom exemplo, e gratuito! Mas vale à pena investir em um programa que ofereça recursos mais avançados, tais como busca por palavras, marcações e edição de texto. É muito útil, por exemplo, encontrar uma música rapidamente na biblioteca de arquivos através da busca por palavras-chave, principalmente quando não se sabe o título da canção, mas apenas um trecho dela. Outra funcionalidade interessante é poder fazer correções e anotações nas cifras, desde que o aplicativo permita edição de texto. No meu caso, utilizo o DocsToGo para arquivos DOC e o iAnnotate para arquivos PDF.


Biblioteca de Arquivos

Apesar da possibilidade de acesso à internet pelo iPad para consulta de cifras e letras de músicas em sites especializados, essa opção não me parece adequada para apresentações ao vivo, já que está sujeita a períodos de lentidão da rede, indisponibilidade de sinal e baixa qualidade das cifras de internet. Para estudos e ensaios, pode ser aplicada sem problemas... Para uso no palco, entretanto, o ideal é manter os arquivos de cifras gravados localmente na memória interna do iPad, que é grande o suficiente para armazenar milhares de músicas, além de prover organização automática e acesso imediato.

Lista em ordem alfabética no DocsToGo.

Pode-se adotar duas formas de armazenamento e organização dos arquivos no iPad: um "arquivão" único de várias páginas com todas as músicas dentro; ou arquivos individuais cada um contendo uma música. Os dois métodos funcionam bem, vai do gosto de cada um... Como exemplo, disponibilizo para download duas opções de coletâneas de musicas cifradas:

Livro de Cantos, arquivão .pdf de 426 páginas.

Cifras Católicas, 2.258 arquivos individuais .doc obtidos na internet.


Custo-Benefício

Na hora de decidir sobre a aposentadoria da pilha de pastas e papéis, é bom avaliar se a adoção do modelo digital de cifras no iPad atende realmente às necessidades do músico. Alguns pontos negativos devem ser considerados, tais como:
  • Redução da área útil: a tela do iPad é menor que uma folha de papel;
  • Autonomia: tempo de operação é limitado pela carga da bateria. Papel não acaba a pilha, rs!
  • Preço: custo inicial a partir de $300 dólares americanos;
  • Fragilidade: quedas, impactos e problemas de software podem tornar o tablet inoperante;
  • Furto: ninguém roubaria uma pasta de papéis, já um iPad... no primeiro mole alguém leva!

Essas e outras limitações podem restringir o uso do iPad em determinados casos, no entanto, os benefícios de redução de peso e volume, agilidade e facilidade de operação e redução de custos com impressão, na minha opinião, superam com folga os aspectos negativos acima listados. Enfim, após vários meses de uso de cifras no iPad, seja no palco, nos ensaios ou nas horas de estudo, considero que valeu a pena o investimento realizado! Qualquer dúvida, estou à disposição nos comentários abaixo.

Pastas nunca mais!!!


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