domingo, 18 de maio de 2008

E o Oscar vai para...

Ocorre anualmente na cidade de Los Angeles (EUA) a premiação do Oscar, onde as estrelas do cinema mundial são premiadas pela Academia de Artes Cinematográficas Dos Estados Unidos em diversas categorias, tais como ator, diretor, roteiro, fotografia, entre outros. De maneira semelhante, os instrumentos musicais e os equipamentos de áudio, na condição de estrelas do som, também concorrem à estatueta! Trata-se do prêmio MIPA (Musikmesse International Press Award), em que são premiados os produtos que mais se destacaram no ano anterior. Os vencedores são escolhidos por um colégio de mais de 100 revistas especializadas de diversas nacionalidades, onde o Brasil é representado pelas revistas Backstage e AM&T. A 9ª edição do evento aconteceu em março deste ano na cidade de Frankfurt, Alemanha.

O prêmio de produto mais inovador foi para a Guibson Robot Guitar, já comentada em outro artigo aqui no blog. Conheça agora os vencedores nas principais categorias. Os preços abaixo foram baseados em pesquisas rápidas pela internet, em lojas internacionais, e estão cotados em dólar. Para converter em real (R$), multiplique o valor pela cotação do dólar no dia e, em seguida, multiplique o resultado por 1,6, que corresponde à alíquota de importação de 60%. Em outras oportunidades, farei análises mais detalhadas de alguns desses equipamentos que já tive a oportunidade de conhecer pessoalmente.


Na categoria "Cordas" o Oscar vai para:

Violão Taylor DN4 - $1.800,00




Contrabaixo Elétrico Warwick Streamer $$ - $3.000,00




Guitarra elétrica Fender American Standard Stratocaster - $1.400,00




Amplificador de Guitarra Marshall JVM410H - $2.000,00




Amplificador de Violão L.R.Baggs - $1.600,00




Cubo de baixo Hartke Professional Series 4200 - $500,00




Pedal de efeitos Boss RE-20 Space Echo - $250,00




Encordamento D'Addario XL - $10,00




... na categoria "Bateria" o Oscar vai para:

Bateria Acústica DW X-ply Series - $4.500,00




Bateria Eletrônica Roland TD-9KS - $3.000,00




Baquetas Vic Firth Signature Series - $10,00




Pratos Zildjian Armand Series - $700,00




Peles Evans EC Resonant Heads - $15,00 a $25,00




... na categoria "Teclados" o Oscar vai para:

Sintetizador Dave Smith Prophet 08 - $2.000,00



Workstation Korg M3 - $2.200,00



Stage Piano Clavia Nord Stage - $3.000,00



Órgão Clavia Nord C1 - $3.000,00





... na categoria "Mesa de Som" o Oscar vai para:

Mesa de Som Digital Yamaha LS9 - $10.000,00




Mesa de Som Analógica Mackie Onyx 1640 - $1.400,00


quinta-feira, 8 de maio de 2008

AES Surround

A AES (Audio Engineering Society) é uma sociedade internacional cujo objetivo é estimular a pesquisa e o desenvolvimento do áudio entre seus membros, entre eles estudantes, engenheiros, fabricantes, vendedores, músicos e demais profissionais da área. É reconhecida como o órgão máximo dentro do ramo do som, pois exerce o papel de órgão normativo e formador de padrões de áudio. Aconteceu esta semana em São Paulo, de 5 a 7 de maio, o 6º Congresso de Engenharia de Áudio da AES Brasil. No evento ocorreram diversas palestras, workshops, painéis, apresentações de trabalhos acadêmicos e exposição de produtos, onde empresas do mundo inteiro demonstraram suas tecnologias e equipamentos.

O tema principal do encontro da AES Brasil este ano foi: A Convergência Surround. Mas, afinal, o que é "
surround sound"? Bom, o Google não conseguiu traduzir, mas uma tradução aceitável seria "som envolvente". Em termos genéricos, trata-se um sistema de reprodução de áudio que utiliza vários canais com o objetivo de simular um efeito realístico de ambientes tridimensionais. Consiste basicamente no posicionamento de alto-falantes em volta do ouvinte para causar a sensação do som vindo de diferentes direções.



O filme Star Wars, de George Lucas, foi um dos primeiros a utilizar essa tecnologia. O diretor abusava do som surround para engrandecer as suas cenas de batalha espacial.Com a manipulação do pan das caixas frontais para as caixas traseiras era possível criar um efeito em que as naves pareciam sair da tela! Aliás, o efeito surround é bastante explorado em Filmes pra Macho, como bem lembrado pelo Leonardo Luz em seu ótimo artigo publicado na Revista Papo de Homem. É fácil perceber os tiros passando em todas as direções à nossa volta em uma cena de tiroteio! Assim como é fascinante e envolvente ouvir os carros passando de um lado pro outro em cenas de pegas e perseguições, sem falar, é claro, das cenas de luta em que escutamos porrada de tudo quanto é lado! Filmes de mulherzinha, daqueles que só tem conversinha, beijinho e chororô, não exploram muito o som surround. No máximo a voz de um personagem sendo projetada nas caixas mais à esquerda, o som de uma porta fechando nas caixas de trás, enfim, coisas desse tipo...

Essa tecnologia se popularizou bastante nos últimos anos. Hoje é possível usufruí-la não só nas salas de cinema, mas também em casa por meio dos sistemas de Home Theater. E com o advento da TV Digital, o áudio dos programas de televisão poderá ser transmitido no padrão 5.1. Talvez esse tenha sido o principal motivo da escolha do tema pela organização da AES Brasil.

Uma variação da tecnologia surround que eu acho bem interessante é a Holofonia, na qual se consegue simular um ambiente tridimensional com apenas dois canais (esquerdo e direito). Mesmo sem as caixas frontais e traseiras, é possível perceber o som vindo dessas direções! O exemplo mais famoso disso é o áudio do Virtual Barber Shop (Barbearia Virtual), disponibilizado abaixo, baseado no algoritmo "Cetera". Para um bom resultado, deve-se ouvir obrigatoriamente com fones de ouvido e os olhos fechados. O texto do que é falado no áudio pode ser lido no link http://www.sajithmr.com/cetera-algorithm/ (em inglês).


Arquivo para download: Barbearia Virtual.mp3



Outros exemplos:


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quarta-feira, 30 de abril de 2008

PianoMic

Apesar do grande realismo e precisão que os sintetizadores e softwares tem alcançado na simulação de sons de piano, nada se compara ao som acústico de um imponente piano de cauda. Quem já tocou ou esteve bem próximo de um instrumento desses sabe do que estou falando! Tanto é que grandes produções de artistas famosos fazem questão de colocar no palco um belo piano de cauda, não apenas pela qualidade do som, mas também pelo impacto visual que ele causa no cenário do show.


Ivete Sangalo - Quando a Chuva Passar

Entretanto, o grande problema em se utilizar um piano acústico em apresentações ao vivo (ou em gravações no estúdio) está na captação do som, pois o comportamento das ondas sonoras dentro desse instrumento é extremamente complexo. Cada corda é uma fonte sonora distinta (em geral são 88). A caixa acústica é outra imensa fonte de sons, onde as reflexões laterais e do tampo da cauda acontecem aleatoriamente, em todas as direções, em níveis semelhantes, tudo ao mesmo tempo.



É o chamado Campo Sonoro Difuso , ou seja, uma "bagunça de sons"! Um microfone inserido em um ambiente como esse deve ser capaz de captar todos os sons de forma equilibrada, independentemente de intensidade ou ângulo de incidência. Ocorre que, dificilmente os métodos tradicionais de microfonação produzem um resultado tão bom quanto o desejado. Na maioria das vezes não se consegue captar com igual qualidade e equilíbrio toda a faixa de graves, médios e agudos, já que os microfones convencionais, em sua maioria, são projetados para captar preferencialmente os sons que incidem pela frente.
Baseada nesse cenário, a equipe de engenheiros da Earthworks Audio desenvolveu o sistema PianoMic, cuja proposta é tornar mais fácil e eficiente a captação e sonorização de pianos acústicos. Esse sistema quebra todas as regras ao aplicar uma filosofia de microfonação bem diferente daquela comumente utilizada. Os métodos convencionais sugerem que os microfones devem ser posicionados do lado de fora do piano (com o tampo da cauda aberto), a uma distância razoável das cordas.

Já o sistema PianoMic consegue um ótimo resultado com uma microfonação bem próxima às cordas, mesmo com o tampo completamente fechado, o que pelos métodos convencionais é praticamente impossível! Tal proeza se deve à utilização de microfones de alta definição, denominados "Microfones Ominidirecionais de Incidência Aleatória", especialmente projetados para trabalhar dentro de campos sonoros difusos.

O equipamento consiste em um tubo telescópico apoiado nas duas extremidades no interior do piano, e duas ramificações móveis e flexíveis para posicionamento dos microfones de precisão, que são apontados diretamente para as cordas. Esse tubo pesa apenas 350g e pode ser facilmente montado em cerca de 3 minutos. Essa é uma ótima solução para igrejas, teatros, shows e estúdios de gravação. Ao microfonar o piano com o tampo da cauda completamente fechado, elimina-se a interferência do som de outros instrumentos situados ao seu redor, o que é bastante comum em uma sessão de gravação em estúdio ou na apresentação de uma orquestra ou coral. Além disso, fica dispensada a utilização de pedestais externos, melhorando o aspecto visual do palco e do instrumento.
Confira a qualidade do som ouvindo os arquivos de áudio abaixo:Tampa aberta
Tampa semi-aberta
Tampa fechada

Especificações:

Resposta em Frequência: 9Hz – 40kHz
Padrão de captação: Omni directional (incidência aleatória)
Sensibilidade: 15mV/Pa (-36 dBV/Pa)
Alimentação: 48V Phantom, 10mA
Pressão sonora: 148 db SPL
Impedância de saída: 600 ohms
Nível máximo de saída: +30 dBV (pico)
Nível de Ruído: 22 dBA
Dimensões: 1,6 metros (extendido), 1,0 metro (retraído)
Peso: 350g




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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Cabos

Na maioria dos sistemas de gravação de áudio ou sonorização, geralmente os cabos são os elementos mais simples e baratos de toda a cadeia. Seu custo representa uma pequena fração do valor dos equipamentos que interconecta. Mas nem por isso deixa de ser importante. Esse "ator coadjuvante" exerce papel essencial para a performance do músico, e seu mau funcionamento pode inviabilizar o espetáculo! Em um momento de inspiração poética, eu diria que os cabos são como as veias que carregam o sangue e o distribui aos órgãos do corpo humano, fazendo o mesmo com o som (na forma de sinal elétrico) para os instrumentos e equipamentos de áudio.

Todos já devem ter ficado na mão um dia por causa de um cabo que misteriosamente parou de funcionar ou sofria de OSMAR (os mar contato!). O amigo violonista Joviano Junior (JJ), traumatizado com situações desse tipo em sua carreira, radicalizou e montou um cabo P10 ultra-resistente com cabo de aço de telefone público!!! Depois disso, nunca mais deu defeito, rs!


Exageros à parte, uma polêmica interessante que envolve esse componente é: cabos semelhantes mas de diferentes modelos/fabricantes fazem realmente alguma diferença no som? Há diferença audível entre um cabo P10 simples que custa R$10 e outro que custa R$100? Vários músicos e engenheiros divergem sobre essa questão, cada qual defendendo sua teoria de que há ou não diferença perceptível. Na verdade, ambos estão corretos, pois existem situações em que cabos distintos não produzem diferença audível nenhuma, mas em outras sim.

Espessura: É muito comum no meio amador encontrar cabos finos, do mesmo tipo utilizado para instrumentos, interligando o amplificador às caixas de som. Esse tipo de cabo, ao percorrer vários metros de distância, pode apresentar uma resistência à passagem do sinal de 1 ou 2 Ohms. Isso não significa muita coisa quando se fala na conexão de um teclado à mesa de som, cuja impedância de entrada é da ordem de centenas ou milhares de Ohms. Por outro lado, ao fornecer grandes potências às caixas, é bom lembrar que a impedância típica dos auto-falantes é, geralmente, da ordem de 4 a 8 Ohms. Portanto, um cabo com resistência elétrica de 1 Ohm irá dissipar praticamente 25% da potência fornecida pelo amplificador a um auto-falante de 4 Ohms! Assim, quanto maior a bitola (ou diâmetro) dos condutores, menos dificuldade ou resistência haverá para a passagem do sinal amplificado.

Plugues de Ouro: Terminais banhados a ouro podem ser uma vantagem, não apenas pela boa condutividade elétrica desse metal, mas também porque o ouro é extremamente maleável e tem a capacidade mecânica de se moldar ao conector. Além disso, é um material altamente inerte e resistente à corrosão. Metais oxidados pelo efeito da corrosão criam uma camada de cristais em sua superfície que podem captar sinais indesejáveis de rádio frequência, o que não acontece com o ouro. Entretanto, em razão do seu alto custo, a camada de ouro que reveste o plugue é bastante fina; com isso, se você plugar e desplugar o cabo com muita frequência, o atrito gerado vai aos poucos reduzindo a espessura dessa camada, causando a perda dos benefícios do ouro ao longo do tempo. Logo, cabos banhados a ouro são mais indicados para aplicações em que as conexões são fixas e permanentes. Para o dia-a-dia (ensaios, aulas, apresentações, etc), acredito que não vale a pena pagar tão caro por um cabo desses. Aquele cabo genérico cumpre sua função tão bem quanto o outro. E se aparecer algum sinal de corrosão, basta limpá-lo com um removedor de ferrugem facilmente encontrado no comércio.


Prata x Cobre: Tecnicamente, para determinada bitola de cabo, a prata apresenta menor resistência elétrica que o cobre. Entretanto, como mencionado anteriormente, pequenas diferenças na resistência do cabo não exercem praticamente nenhuma influência na interconexão de instrumentos musicais, visto que a impedância desses dispositivos geralmente é muito alta. Como a prata é um metal relativamente caro, sai mais em conta usar um cabo de cobre com uma bitola um pouco mais larga, o que significa uma resistência ainda menor. E, quanto menor a resistência, maior a capacidade de transferência do sinal.

Concluindo, se você não percebe diferença audível entre um cabo caro e outro intermediário na ligação do seu instrumento para as aplicações do dia-a-dia, fique com o cabo mais simples, pois esse com certeza irá te atender plenamente, e ainda vai sobrar uma grana pra dar um upgrade no seu setup!


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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Afinado

A correta afinação de uma guitarra é requisito essencial para a boa sonoridade do instrumento. Se pelo menos uma das cordas estiver desafinada, todas as músicas tocadas parecerão erradas! Desde o nascimento da guitarra elétrica, há cerca de 80 anos atrás, o método e o mecanismo de afinação é praticamente o mesmo - por meio das tarrachas, ajusta-se manualmente a tensão de cada corda até que se atinja a nota correta, utilizando-se como referência o indicador visual de um afinador eletrônico, o som de um diapasão ou o som de outro instrumento previamente afinado, como um teclado ou piano, por exemplo.

Um procedimento relativamente complexo, cujo resultado nem sempre é satisfatório. Fatores como temperatura, umidade e desgaste das cordas torna praticamente impossível mantê-las afinadas por muito tempo. Muitas vezes, após a execução de uma ou duas canções faz-se necessário repetir o processo de afinação, principalmente quando as cordas são novas. Por essas razões, muitos guitarristas acabam por tolerar certo grau de desafinação em suas guitarras, já que nem todos dispõem de tempo, paciência e habilidade necessários à manutenção constante da afinação correta.

Felizmente, guitarrista, seus problemas acabaram! A Engenharia Mecatrônica se faz presente na música para resolver dificuldades como essa! Trata-se da tecnologia
PowerTronic , criada e patenteada pelo alemão Chris Adams, que consiste basicamente em um frequencímetro realimentado por um laço de controle cuja saída atua em servo-motores DC. Traduzindo para o português, significa que a guitarra é capaz de se afinar sozinha em questão de segundos, com uma precisão dificilmente conseguida por uma pessoa! Os sensores de frequência monitoram as cordas e comparam as notas emitidas com as notas de referência padrão, EADGBE por exemplo (A, 440 Hz); a diferença encontrada é convertida em um sinal elétrico enviado aos motores acoplados às tarrachas, que se ajustam automaticamente. Com isso, a guitarra atinge com precisão a afinação desejada!

Além disso, o equipamento permite armazenar em sua memória 6 presets de diferentes afinações. Grandes guitarristas sempre buscaram quebrar regras e paradigmas, e muitos deles conseguiram grande diferencial ao explorar afinações alternativas. A guitarra do Jimi Hendrix, por exemplo, era afinada um semitom abaixo em todas as cordas (Eb Ab Db Gb Bb Eb). A banda Mettalica, em "Invisible Kid", utilizava G#C#F#BD#G# para entonação das cordas. Led Zeppelin, por sua vez, na música "Black Mountain Side" afinou em BADGAD. Esse tipo de customização pode ser gravado na memória do instrumento e recuperado em questão de segundos com o apertar de um único botão, fazendo com que as cordas assumam automaticamente a afinação desejada! Não é mais necessário levar pro show um set de cinco guitarras, cada uma afinada à sua maneira, e mais um roadie pra carregar e montar tudo isso...


A tradicional fabricante de guitarras Gibson adquiriu os direitos de exploração comercial do sistema PowerTronic e o incorporou à sua nova linha Robot Guitars (http://www.gibson.com/robotguitar). Uma guitarra dessas custa algo em torno de $2.500, disponível em vários modelos. Confira os vídeos abaixo!

Site Oficial:
http://www.gibson.com/robotguitar/robotguitarvideovoting.aspx?playvideo=training

quarta-feira, 9 de abril de 2008

DNA

Sem dúvida, as descobertas em torno do DNA (DesoxirriboNucleic Acid, ou Ácido DesoxirriboNucléico) foram um marco na história da ciência moderna. Depois que os cientistas desvendaram boa parte dos mistérios e do mecanismo desses ácidos, deu-se início a um melhor entendimento do funcionamento da vida e da evolução das espécies. A partir das pesquisas sobre o DNA e suas funções, os cientistas podem hoje manipular os genes diretamente, sob formas cada vez mais sofisticadas. É possível, por exemplo, extrair o DNA de uma célula, fragmentar esse DNA, separar as partes contendo alguns genes específicos e introduzir esses genes em outro organismo vivo!

A esta altura você deve estar se perguntando: e o que isso tem haver com áudio e música?
Eu explico... Há pouco mais de um mês, um cara chamado
Peter Neubäcker anunciou ter desvendado o DNA do som! Obviamente, batizou a nova tecnologia com o nome "DNA", abreviação para Direct Note Access. Ou seja, Peter e sua equipe fizeram o impossível e estabeleceram um novo marco na história do áudio!

Com o
Direct Note Access é possível acessar as notas musicais de uma gravação de áudio polifônico, assim como se faz com um arquivo MIDI. Mas não é MIDI, é áudio!!! Em outras palavras, pode-se gravar,
por exemplo, uma execução de acordes de guitarra em um arquivo de áudio estéreo, .wav ou .mp3, quebrar esse arquivo em notas individuais e editá-las como se tivessem sido gravadas uma a uma, separadamente!

Isso cria inúmeras possibilidades de intervenções no material gravado. Para cada nota tem-se acesso à tonalidade, volume, tempo, duração, vibrato e várias outras variáveis de expressão musical. Mais esclarecedores que minhas palavras são os vídeos disponíveis nos links abaixo. Assista-os e compreenderá melhor essa nova descoberta!

Site Oficial: http://www.celemony.com/cms/index.php?id=dna

You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=jFCjv4_jqAY


Sonic State: http://www.sonicstate.com/news/shownews.cfm?newsid=6281

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Contrabaixo direto na mesa, pode?

Por Bruno Mariani.

Desde quando tive as primeiras experiências com bandas, em meados da década de 90, ouço o velho mito de que não se pode conectar o baixo diretamente à mesa de som, sob pena de queimar o canal correspondente ou causar qualquer outro dano ao mixer. Baseado nisso, o nobre contrabaixo sempre ficou marginalizado em relação ao resto da banda! Enquanto todos estavam plugados naquela mesa bacana cheia de controles, o baixista não podia chegar nem perto, a menos que tivesse o tal do Direct Box (DI). Inclusive, já ouvi uma estória de que a mesa explodiu assim que o baixo foi plugado no canal e o baixista tocou o mizão, rs!

Pode até ter explodido, mas certamente não foi por causa do contrabaixo! E são vários os fundamentos técnicos para sustentar tal afirmação. O assunto é relativamente complexo e envolve conceitos de
Casamento de Impedâncias, Teorema da Máxima Transferência de Potência e outras teorias de circuitos elétricos. Porém, para não restringir o público alvo deste post, vou tentar explicar de forma mais simplória.

Do ponto de vista da mesa de som, praticamente não há diferença entre conectar uma guitarra, um violão, um teclado ou um contrabaixo. Ambos trabalham em níveis de sinais semelhantes e não oferecem risco algum à mesa. Aliás, ela foi projetada justamente pra isso, receber e tratar o sinal de todos os instrumentos e microfones, sem a obrigatoriedade de acessório algum. Para isso, basta ligar na entrada certa (LINE ou MIC).

Veja, por exemplo, um esquema de ligação proposto pela
Mackie, uma das empresas mais bem conceituadas no mercado de áudio profissional. Observe que o contrabaixo (Bass Guitar) está plugado no canal 2, entrada padrão P10 (LINE), e que não há nenhum outro elemento entre o instrumento e a mesa, somente o cabo.


Fonte: Manual da Mesa Mackie Onyx 1220



Uma mesa de som trabalha essencialmente com dois níveis distintos de sinais elétricos em suas entradas:
  • MIC – é o nível de menor intensidade do sistema, podendo chegar no máximo até uns 0,245 Volts. As entradas MIC possuem baixa impedância e é nessa região em que operam os microfones. Como os sinais são muito baixos, tornam-se bastante suscetíveis a ruídos durante a transmissão, razão pela qual se devem utilizar linhas balanceadas.

  • LINE – é o nível de sinal em que operam os instrumentos musicais, tais como guitarra, violão, teclado, CONTRABAIXO. Em regra, pode variar de 0,316 a 1,23 volts. Para suportar esses níveis, as entradas LINE possuem impedância mais alta que as entradas MIC.

Conclui-se, portanto, que o uso obrigatório do Direct Box se dará apenas quando um instrumento musical (baixo, guitarra, etc) for ligado à entrada de microfone da mesa, pois o DI tornará compatível a alta impedância do instrumento com a baixa impedância da entrada MIC! O esquema abaixo ilustra essa situação:


Fonte: Manual da Mesa Mackie 1402-VLZ3
www.mackie.com/products/1402vlz3


Como diriam os Caçadores de Mitos (Myth Busters, Discovery Channel): com essas considerações, o mito foi detonado! Ora, se o contrabaixo elétrico ligado direto à mesa fosse prejudicial ao sistema, certamente o fabricante não iria propor no manual do usuário um esquema de ligação como o apresentado no primeiro diagrama.


Mas, se você é daqueles que tem dificuldades de superar velhos conceitos, não acredita nos argumentos apresentados e ainda está com medo de plugar o contrabaixo direto no canal, veja o que disse Sólon do Valle sobre o assunto. Pra quem não o conhece, trata-se do engenheiro de áudio mais respeitado no Brasil, autor de diversos livros, fundador e editor da Revista Áudio, Música e Tecnologia, Coordenador do Instituto de Áudio e Vídeo, entre muitas outras atribuições:

A conexão de um baixo elétrico a um canal de mesa jamais estragará nada! No entanto, a impedância de saída de um instrumento passivo é muito alta (da ordem de 100k ohms) e a impedância de entrada das mesas é, em geral, de 10k ohms. Isso acarretará descasamento de impedâncias e forte perda de agudos.Num instrumento ativo (com pré embutido), a impedância de saída é baixa e a conexão à entrada de linha da mesa trará ótimo resultado. O ideal para o instrumento passivo é o uso do direct box (DI) ativo, que casará as impedâncias e níveis. Sua saída, porém, deve ser ligada à entrada de microfone da mesa. É assim que se faz em grandes sistemas de P.A. e em estúdios de gravação. Por outro lado, a conexão de um instrumento ativo através de direct box também é vantajosa, pois a conexão à mesa passa a ser balanceada e de baixa impedância, ajudando a reduzir o ruído."

Sólon do Valle 


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sexta-feira, 28 de março de 2008

Grave em Casa

Se o seu sonho é entrar em uma loja de discos e ver o próprio CD na prateleira, ou, ligar o rádio e ouvir uma de suas canções no ar, esse sonho está mais próximo de ser realizado do que imagina!

Havia um tempo em que isso só era possível para poucos privilegiados com alto poder aquisitivo ou apadrinhados por uma grande produtora, pois gravar um disco significava gastar bastante dinheiro. Mas os avanços tecnológicos recentes tornaram mais fácil a realização desse sonho. Com o equipamento adequado e um pouco de conhecimento e criatividade, tudo pode ser feito sem sair de casa!

Há poucos anos atrás era necessário pagar pelo tempo de estúdio, que incluía horas de gravação, edição, mixagem, e, muitas vezes, a contratação de musicistas profissionais para arranjar e executar as canções. Daí então surgiu a expressão “banda de garagem”, pois os grupos que não eram apoiados por uma grande gravadora tinham tão pouco dinheiro que só podiam ensaiar e/ou gravar na garagem de um dos membros da banda. As gravações eram feitas em fitas cassetes com gravadores caseiros (tipo microsystem), e a qualidade de gravação deixava muito a desejar.

Agora, mesmo o músico principiante pode produzir um disco de boa qualidade. Gravar o próprio CD em casa, diferentemente de utilizar um estúdio, não é tão caro assim. Você pode gravar um CD digital de alta qualidade com o seu próprio equipamento de baixo custo no seu quarto, garagem, porão, varanda, banheiro... E ainda, com os custos próximos de zero para queimar mídias de CD, você pode dar cópias de presente aos amigos e conhecidos, além de vendê-las em shows ou na internet para ganhar algum dinheiro!

Baseado nesse cenário é que inauguro o blog Grave em Casa, um espaço onde serão publicados diversos artigos e dicas sobre home studio e tecnologias aplicadas à produção e gravação independentes. Convido-lhes a visitar o blog periodicamente e a participar com o envio de comentários, críticas e sugestões.
Se preferirem, podem assinar e receber as mensagens por e-mail ou via leitor de notícias (RSS). Para isso, basta se inscrever no menu ao lado.

Espero que as informações aqui postadas contribuam para o crescimento e motivação daqueles que gostam de música e sonham em gravar suas canções!

1, 2, 3, Gravando!!!